Meus olhos corriam pelas palavras que seguiam uma após a outra revelando mistérios e investigando assassinatos como se eu mesmo fosse o personagem das amareladas páginas do livro que eu tinha em mãos. De vez em quando, eu olhava para fora do ônibus, pela janela, para ver se já estaria próximo da minha hora de descer ou ainda tinha tempo para mais alguns parágrafos. O que eu mais gostava em tudo isso era fechar o livro e olhar para as pessoas ao meu redor. Observá-las. Minha mente viajava, olhando cada detalhe: suas mangas, unhas, celular que usava, música que ouvia, bottons de sua bolsa… meu pensamento era que em algum momento, eu seria tão observador e dedutivo quanto o próprio Sherlock.
Era véspera de Natal e eu estava radiante: rodeado de bloquinhos coloridos espalhados pelo chão, eu selecionava os que me pareciam mais promissores, agrupava por cores, encaixava o que eu acreditava que daria a estrutura mais firme da casa de dois andares que eu estava construindo. Não era simplesmente uma brincadeira - era o projeto da casa dos meus sonhos que eu estava criando! Como filho de professora, uma das mais criativas oportunidades que tive em minha infância foi ter caixas e caixas de LEGO com os mais diversos itens e peças, que se conectavam à medida que minha imaginação projetava novas composições. No fim das contas, eu desmontava tudo o que havia criado para que aquelas peças pudessem fazer parte de novas ideias.
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